Segundo o
Sebrae-NA, no Brasil existem 6,3 milhões de empresas. Desse total, 99% são
micro e pequenas empresas (MPEs). E sabe quantos destas empresas possuem
personalidade própria? Pouquíssimas, quase zero.
Enrico Cardoso assevera :” E
isso acontece por sofrerem diretamente influência
de empresas “parecidas” fora do país. Pelo que podemos ver no cenário das
empresas que habitam solo brasileiro, falta cultura às empresas.”
Conheço empresas que não se pode usar a
internet, mata a produtividade. Que é proibido o uso de celular, mata a
produtividade. Que não pode bater aquele papinho com o colega da mesa do lado
porque mata a produtividade. Empreendedores enxergam o mundo real que também
acontece dentro de suas empresas como um “mal nocivo” e que deve a todo custo
ser afastado. Com toda certeza todas as distrações irão matar a produtividade
porque qualquer coisa que se desprenda mesmo que por quinze minutos é negado a
seus colaboradores, a empresa se torna um fardo e levantar todos os dias da cama,
enfrentar um trânsito caótico para chegar a grande prisão “do não pode” a
produtividade fica em casa descansando no travesseiro.
E substancialmente as empresas acabam desta
forma por negligenciar a espontaneidade e consequentemente morrem a criatividade e
vontade nesta privação de liberdade. Se estivermos falando então de uma agência
de publicidade, ela com certeza não é o habitat natural dos profissionais que
necessitam de espaço para colocar em pratica todo seu talento criativo além dos
certificados que o fizeram merecer a vaga. Certificado e diplomas são apenas
documentos que atestam que aquele camarada tem os crivos técnicos e
conhecimentos necessários para o exercício da função, mas muitos dependem tanto
mais da criatividade e um clima agradável para conseguirem transpor na prática
todo seu potencial.
Como não tenho muita experiência em agências comunicativas,
vamos ancorar na praia em que tenho colhões para falar: Vendas! – porque as
empresas engessam tanto seus vendedores? Vejo equipes inteiras de excelentes
profissionais cochichando nos cantos temendo falar normalmente porque lhes é
proibido em horário comercial. Onde já se viu? Vendedores com medo de dialogar?
Isso pode parecer exagero mas já treinei equipes onde eu tinha que dar
garantias que eles poderiam conversar livremente e falar o que pensam. Os mais
ousados estavam tão saturados do clima da empresa que já não conseguiam mais
lembrar de como se sentiram ao conquistar uma cadeira na equipe, ou seja, já
não recordaram mais da sensação de estar com um novo desafio , nem da alegria
de terem recebido a oportunidade de recolocação no mercado de trabalho, estavam
tão chateados com as cobranças que as recompensas como prêmios de alcance de
metas e demais benefícios só eram bastantes financeiramente a ponto de
engolirem a empresa por mais um tempo.
Entendendo tal situação, lembro-me daquela musiquinha brega
dos anos 90 do Titãs:” a gente não quer só comida, quer diversão e arte...”
Motivação não é somente o alto salário, a comissão com bom percentual e benefícios,
mas o tratamento de seus colaboradores. Se você tem filhos, normalmente está
habituado com as exceções que a escola faz ás sextas-feiras por exemplo: “podem
levar IPADS, brinquedos, tabletes ou bola” – sexta é o dia do diferente e não
somente do estudo. As empresas precisam na verdade se abrir a essa realidade, o
profissional passa mais tempo com os colegas de trabalho e com toda a pressão
de atingir as metas que é normal as pilhas descarregarem antes do primeiro ano
de empresa (e na maioria das empresas, o baixo rendimento jamais se justifica a
economia, a sazonalidade, ou momento em que o mercado enfrenta, sempre está
relacionado com a capacitação profissional, o que é um erro grave). Muito disso
está ligado ao clima, a liberdade e a falta de confiança de abrir esse leque de
descontração nas empresas. O happy-hour por si não basta! E cá entre nós – eita
coisa copiada dos anos 2000! Hora de atualizar, e deixar os vendedores falarem
com a esposa no facebook de vez em quando, de ler uma notícia não relacionada
ao trabalho para arejar a cabeça, de bater um papo com o colega do lado e criar
a proximidade que toda equipe DEVE ter! Do contrário você tem um grupo de
profissional e não uma equipe profissional, enxerga a diferença?
Trabalhei em uma empresa por uns dois anos a qual não direi o
nome, mas havia uma sala de “descompressão” onde tinha um videogame e dois
sofás enormes. Quando findava o expediente onde você acha que estavam todos os
vendedores? Não estavam nos bares ao redor da empresa, e nem no transito na
hora do rush, mas nesta sala animados e felizes enfrentando seu adversário no
jogo do futebol: o colega de trabalho, agora praticamente faz parte da família,
pois já tem outro jogo marcado na próxima sexta-feira para dar a revanche no
PES 2103.
Além disso eles poderiam levar aquela coleção de carrinhos
miniatura e colocar em sua mesa, ou na prateleira atrás dela, criar um espaço
seu na empresa! Se você tem na equipe mulheres, o jogo e diferente...peça para
ela escolher dois metros de um papel de parede (que seja da Hello Kitty por
exemplo) e coloque na parede atrás da mesa dela, dê porta-retratos para que ela
possa colocar as fotos do neném ou então dê a liberdade para que ela possa
assim fazer. Levar o gato para dormir em seus pés, e terem a confiança do chefe
de um dia ou outro, chegar um pouco mais tarde no local de trabalho!
Já pensou se no dia de aniversário, o “ponto ser facultativo?”
e ainda levar pra casa no dia anterior um cartão junto a um chinelo de dedos do
chefe dizendo:” obrigado por fazer parte de nossa equipe, troque no dia de seu
aniversário os sapatos por este chinelo e aproveite seu dia” Tudo isso é além
da motivação, é uma terapia!
Começando a perder o medo e adotar novas práticas e
identidade própria, você estará
vendendo sua empresa a um cliente importantíssimo:
seu vendedor!
Se você vender um bom ambiente de trabalho para ele, ele será
capaz de vender o portfólio de produtos e serviços com muito mais autoridade,
pois você estará transmitindo a eles confiança e com confiança eles
transmitiram a mensagem de sua empresa aos seus clientes. E vendedor satisfeito,
é cliente fidelizado!
Não esqueça, as pessoas são diferentes não as trate de forma
igual mas crie uma atmosfera onde cada um pode ser quem realmente é. Além de
você conhecer os profissionais de forma mais próxima, elas se sentiram
realmente importantes para sua empresa onde cada indivíduo é um organismo de extrema
importância para que seu negócio alcance sucesso. Não estou falando de anarquia
ou “bacanal” mas sim de autenticidade e autonomia não somente quanto ao
desempenho das funções. Você estará “regando as flores de seu jardim” e os
clientes virão até ele com mais facilidade.
Se você engessar nos padrões que já estão falidos, estará na
verdade, engessando as vendas, matando aos poucos a energia de seus vendedores
de forma irrecuperável, e nem preciso falar do desempenho das metas para onde
vão, não é? Seja a empresa dos sonhos. Isso também exige planejamento e
trabalho, e o melhor, não importa o tamanho de sua empresa, o importante é que
ela seja feliz.
Referências que
auxiliaram na composição deste texto :
Enrico Cardoso –Madia Marketing School – Provocações para mudar
o mundo…
*trecho do texto : http://thinkoutsidebr.wordpress.com/contato/